21 de fevereiro de 2014
Água
Fora um dia próximo do improdutivo. Parcas moedas haviam pingado em suas mãos carcomidas. Já os olhares de nojo e desprezo, estes tinham se multiplicado com a passagem das horas. Noite. Para sentir-se um pouco gente, o mendigo quase se afogou em goles da garrafa de Perrier roubada de um supermercado próximo. Naquele momento, gozou de um luxo que poucos da mesquinha classe média ousaram experimentar. Saciado, dormiu o sono dos reis e sonhou que uma chuva de água da fonte francesa inundava a cidade. As vítimas morriam felizes. Consumidores ao menos na hora derradeira. Acordou com a garrafa vazia. Sentiu tristeza. Pegou o engradado elegante e foi até a pastelaria mais próxima. O chinês demorou a entender que mendigo queria encher o recipiente esmeralda. As aparências enganam, mas entorpecem.
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Passando para conhecer seu blog. Textos muito bons, principalmente os contos. Parabéns!
ResponderExcluirO POETA E A MADRUGADA
opoetaeamadrugada.blogspot.com