25 de fevereiro de 2011

Norman

Faca amolada
finge picar carnes brancas
O sangue achocolatado viaja pelos ralos,
e nada é o que parecer ser
Filho da  mãe,
filho era mãe
Dublê de corpo
colorido da  vida em P&B
psicoticamente narrando
24 vezes por segundo
Embalsamado
em nossa memória
Bate,
Bates,
bytes

19 de fevereiro de 2011

Uma Fulminante Paixão em 64 Casas

Tudo se modificara após a arrebatadora chegada daquela forasteira. Sua Majestade, o Rei, não dava a mínima atenção para a Rainha. Esta, magoada, deixou de protegê-lo, aventurando-se por locais desconhecidos. Possuindo plena consciência de sua força, sabia ela defender-se como ninguém. Os bispos confabulavam entre si, assustados com tamanho descaramento de Sua Alteza Real. Do alto das duas torres, o descalabro era observado. A cavalaria, pasmem, revoltou-se e buscou refúgio no reino situado logo à frente. Sentiram-se desconfortáveis, dada a estranha e negra diferença. Somente a criadagem, o lado mais fraco deste episódio, manteve-se fiel. Insignificantes servos, dariam a vida pelo seu soberano, não hesitando em sacrificar-se na linha de frente de qualquer combate. Entretanto, não compreendiam o porquê da fulminante paixão do Rei por aquela peça de jogo de damas que acidentalmente caíra no tabuleiro de xadrez, alterando a normalidade previamente traçada de suas vidas.

11 de fevereiro de 2011

Chapeuzinho Adolescente - Curta de Animação


A técnica é a de stop-motion, onde os personagens confeccionados em massa de modelar são fotografados quadro a quadro.
Em dezembro, o curta foi lançado em Curitiba durante a mostra mostra "O Cinema de Yanko Del Pino" realizada na Cinemateca de Curitiba.
Agora sim, eu posso dizer que sou roteirista.

  • Direção, produção e edição: Rafael Araujo 
  • Roteiro: Zulmar Lopes 
  • Supervisão e edição de som: Renan Deodato 
  • Desenho de som: Thiago Jachelli
  • Elenco: Nani Tonks Aluízio Rezende Fábia Regina Fábio Reis Mariana Oliveira Ellen Polli Biora.






4 de fevereiro de 2011

Pupilas Dilatadas

Sentado na cadeira de exames do oftalmologista, Fred sofria com as pupilas dilatadas para o mapeamento de retina, visão turvada pelos colírios. Dr. Hermes examinava seus olhos, ordenando que ele olhasse hora para esquerda, para direita. Piorando sobremaneira a situação, um facho de luz emitido pela lanterninha que o médico usava tornava a visão do paciente ainda mais confusa
— Minha vista está totalmente embaçada, doutor – disse Fred após o exame.
— É assim mesmo, demora algumas horas para voltar ao normal. Alguns pacientes têm apenas um leve desfocar, outros ficam com a visão parcialmente comprometida, como é o seu caso. Você mora aqui perto, não? Vou pedir para Lígia levá-lo até a portaria do seu edifício.
— Quem é Ligia?
— Minha recepcionista. Ela estava resolvendo uns assuntos particulares quando você chegou, mas eu ouvi a chave da porta enquanto estava lhe examinando. Fique tranqüilo. Apesar de já haver anoitecido, garanto que você chegará são e salvo – disse Dr. Hermes de modo jocoso.
Saíram os dois da sala do consultório. Fred, tateando as paredes, percebeu haver uma terceira pessoa na sala de esperas.
— Lígia, acompanhe por favor o Sr. Frederico até sua casa. Fica no seu caminho.
— Sim, Dr. Hermes.
Apenas uma econômica frase, levada aos seus ouvidos por uma voz rouca, sensual. Fred lamentou sua visão comprometida. Tão somente conseguia distinguir um vulto, possivelmente de cabelos negros. Ela cumprimentou-lhe com outro lacônico “boa noite”, deu-lhe o braço, despediram ambos do Dr. Hermes que, antes que a dupla saísse, beijou a face de Lígia, dizendo: “Obrigado por tudo e boa sorte”.
Já na rua, Lígia entrelaçou-lhe o braço e Fred se deixou levar pela desconhecida mulher. O contato com a pele morna do braço da moça e o fresco odor do seu perfume foi atiçando a imaginação de Fred que, enquanto falava sobre o clima e outras inutilidades, tentava construir em sua mente a face e biotipo da mulher que sua vista nublada impossibilitava de distinguir.
Estancaram em frente ao edifício onde ele morava. Fred agradeceu a gentileza de Lígia em levá-lo até sua casa e, educadamente, a convidou para um café. Para sua surpresa, ela aceitou.
Tomaram o elevador em cúmplice silêncio. Ouvidos aguçados em virtude da momentânea falta de visão, Fred escutava a respiração levemente ofegante de Lígia. Teve certeza do que iria acontecer. Uma leve ereção brotou entre suas pernas.
Mal entraram no apartamento, ela o envolveu em um abraço, colou seu corpo ao dele e beijou-lhe com a boca inundada de prazer. O gosto de morango do batom da mulher o excitou ainda mais e suas línguas bailaram intrusas dentro de ambas as bocas. As mãos de Fred percorreram por cima do vestido o corpo bem  torneado de Lígia, indo estacionar em uma bunda reveladoramente volumosa.
Lígia o sentou no sofá e abaixou-lhe as calças, trazendo junto a cueca, liberando sua pica latejante, a implorar por um boquete. Fred percebeu o vulto ajoelhar entre suas pernas, e sentiu a boca sedosa de mulher abocanhar-lhe o membro. Teve que se controlar para não gozar instantaneamente dentro da boca quente, experiente e caprichosa de Lígia, que sugava com vontade o membro rígido do homem. Entre felações, ela brincava com a língua no membro do rapaz que, privado da visão, deixava-se dominar pela devassidão de Lígia.
Ela o segurou pelo pênis, guiando-o nu para dentro do quarto. Deitado na cama, Fred, por detrás da névoa que embotava sua visão, notou Ligia se despir. Ela caminhou resoluta em direção a cama e ofereceu-lhe o seio esquerdo. Fred sugou com sofreguidão o bico intumescido, botão dilatado entre seus dentes. Em seguida, sua boca iniciou uma viagem por entre os seios, com a língua percorrendo caminhos tortuosos até a fenda quase depilada que Fred pode comprovar quando seus lábios roçaram os curtos pêlos endurecidos. Chupou com perícia o sexo a sua frente, entorpecido pelos odores que ela emanava. Lígia gemia baixinho, enquanto afagava a cabeça do homem alojada entre suas coxas.
 — Come – ela exigiu com sua vozinha rouca.
Fred penetrou faminto o orgão umedecido de Lígia e ambos iniciaram um balé de volúpia e prazer, estocando-se em harmonia, alternando momentos de vigor com de extremo carinho até que os movimentos intensificaram-se e Fred gozou violentamente dentro da amante, emitindo leve gemido de satisfação.
Passaram algumas horas intercalando carícias, sussurros e trepadas maravilhosas até que o sono assaltou Fred.
Acordou com os primeiros raios da manhã e percebeu que a visão fora restabelecida. Notou que Lígia fora embora. Nem um bilhete de despedida deixara. Havia dormido com a mulher da sua vida e sequer conhecia seu rosto.
Tomou um banho, fez um café, fumou alguns cigarros e procurou encurtar o tempo até a hora em que consultório já estivesse aberto. Antes, passou em uma loja para comprar uma caixa de bombons. Demonstraria romantismo quando “conhecesse” Lígia.
Tocou a campainha e Dr. Hermes atendeu. Decepção estampada na face.
— Bom dia, Fred. Entre.  Eu pedi para você retornar?
— Não, Dr. Hermes. Na verdade, vim falar com a Lígia. Agradecer pelo favor de ontem à noite.
— Receio que não será possível. A Lígia não trabalha mais aqui.
— Como assim?
— Ontem foi o seu último dia. Ela viajou agora de manhã para o Alasca. Junto com o Marido.
Fred quase não continha a surpresa.
— Então ela é casada...
— De fato. E o sujeito vai trabalhar num campo de extração de petróleo. A pobrezinha vai ver gelo por muitos e muitos anos. O Alasca  definitivamente não combina com o jeito tropical daquela morena.
— Ela era bonita?
— Você não a viu? Porra, esqueci, suas pupilas estavam dilatadas.
— O senhor tem uma foto dela?
— Infelizmente não, meu caro. Mas te asseguro que ela era bonita. Peitões e bunda de respeito, mas acho que era fiel até as entranhas. Se não amasse o marido, iria se meter lá nos cafundós do Alasca?
— Nunca se sabe, Dr. Hermes - suspirou pesaroso Fred, já saudoso da sua amante desconhecida.