4 de fevereiro de 2011

Pupilas Dilatadas

Sentado na cadeira de exames do oftalmologista, Fred sofria com as pupilas dilatadas para o mapeamento de retina, visão turvada pelos colírios. Dr. Hermes examinava seus olhos, ordenando que ele olhasse hora para esquerda, para direita. Piorando sobremaneira a situação, um facho de luz emitido pela lanterninha que o médico usava tornava a visão do paciente ainda mais confusa
— Minha vista está totalmente embaçada, doutor – disse Fred após o exame.
— É assim mesmo, demora algumas horas para voltar ao normal. Alguns pacientes têm apenas um leve desfocar, outros ficam com a visão parcialmente comprometida, como é o seu caso. Você mora aqui perto, não? Vou pedir para Lígia levá-lo até a portaria do seu edifício.
— Quem é Ligia?
— Minha recepcionista. Ela estava resolvendo uns assuntos particulares quando você chegou, mas eu ouvi a chave da porta enquanto estava lhe examinando. Fique tranqüilo. Apesar de já haver anoitecido, garanto que você chegará são e salvo – disse Dr. Hermes de modo jocoso.
Saíram os dois da sala do consultório. Fred, tateando as paredes, percebeu haver uma terceira pessoa na sala de esperas.
— Lígia, acompanhe por favor o Sr. Frederico até sua casa. Fica no seu caminho.
— Sim, Dr. Hermes.
Apenas uma econômica frase, levada aos seus ouvidos por uma voz rouca, sensual. Fred lamentou sua visão comprometida. Tão somente conseguia distinguir um vulto, possivelmente de cabelos negros. Ela cumprimentou-lhe com outro lacônico “boa noite”, deu-lhe o braço, despediram ambos do Dr. Hermes que, antes que a dupla saísse, beijou a face de Lígia, dizendo: “Obrigado por tudo e boa sorte”.
Já na rua, Lígia entrelaçou-lhe o braço e Fred se deixou levar pela desconhecida mulher. O contato com a pele morna do braço da moça e o fresco odor do seu perfume foi atiçando a imaginação de Fred que, enquanto falava sobre o clima e outras inutilidades, tentava construir em sua mente a face e biotipo da mulher que sua vista nublada impossibilitava de distinguir.
Estancaram em frente ao edifício onde ele morava. Fred agradeceu a gentileza de Lígia em levá-lo até sua casa e, educadamente, a convidou para um café. Para sua surpresa, ela aceitou.
Tomaram o elevador em cúmplice silêncio. Ouvidos aguçados em virtude da momentânea falta de visão, Fred escutava a respiração levemente ofegante de Lígia. Teve certeza do que iria acontecer. Uma leve ereção brotou entre suas pernas.
Mal entraram no apartamento, ela o envolveu em um abraço, colou seu corpo ao dele e beijou-lhe com a boca inundada de prazer. O gosto de morango do batom da mulher o excitou ainda mais e suas línguas bailaram intrusas dentro de ambas as bocas. As mãos de Fred percorreram por cima do vestido o corpo bem  torneado de Lígia, indo estacionar em uma bunda reveladoramente volumosa.
Lígia o sentou no sofá e abaixou-lhe as calças, trazendo junto a cueca, liberando sua pica latejante, a implorar por um boquete. Fred percebeu o vulto ajoelhar entre suas pernas, e sentiu a boca sedosa de mulher abocanhar-lhe o membro. Teve que se controlar para não gozar instantaneamente dentro da boca quente, experiente e caprichosa de Lígia, que sugava com vontade o membro rígido do homem. Entre felações, ela brincava com a língua no membro do rapaz que, privado da visão, deixava-se dominar pela devassidão de Lígia.
Ela o segurou pelo pênis, guiando-o nu para dentro do quarto. Deitado na cama, Fred, por detrás da névoa que embotava sua visão, notou Ligia se despir. Ela caminhou resoluta em direção a cama e ofereceu-lhe o seio esquerdo. Fred sugou com sofreguidão o bico intumescido, botão dilatado entre seus dentes. Em seguida, sua boca iniciou uma viagem por entre os seios, com a língua percorrendo caminhos tortuosos até a fenda quase depilada que Fred pode comprovar quando seus lábios roçaram os curtos pêlos endurecidos. Chupou com perícia o sexo a sua frente, entorpecido pelos odores que ela emanava. Lígia gemia baixinho, enquanto afagava a cabeça do homem alojada entre suas coxas.
 — Come – ela exigiu com sua vozinha rouca.
Fred penetrou faminto o orgão umedecido de Lígia e ambos iniciaram um balé de volúpia e prazer, estocando-se em harmonia, alternando momentos de vigor com de extremo carinho até que os movimentos intensificaram-se e Fred gozou violentamente dentro da amante, emitindo leve gemido de satisfação.
Passaram algumas horas intercalando carícias, sussurros e trepadas maravilhosas até que o sono assaltou Fred.
Acordou com os primeiros raios da manhã e percebeu que a visão fora restabelecida. Notou que Lígia fora embora. Nem um bilhete de despedida deixara. Havia dormido com a mulher da sua vida e sequer conhecia seu rosto.
Tomou um banho, fez um café, fumou alguns cigarros e procurou encurtar o tempo até a hora em que consultório já estivesse aberto. Antes, passou em uma loja para comprar uma caixa de bombons. Demonstraria romantismo quando “conhecesse” Lígia.
Tocou a campainha e Dr. Hermes atendeu. Decepção estampada na face.
— Bom dia, Fred. Entre.  Eu pedi para você retornar?
— Não, Dr. Hermes. Na verdade, vim falar com a Lígia. Agradecer pelo favor de ontem à noite.
— Receio que não será possível. A Lígia não trabalha mais aqui.
— Como assim?
— Ontem foi o seu último dia. Ela viajou agora de manhã para o Alasca. Junto com o Marido.
Fred quase não continha a surpresa.
— Então ela é casada...
— De fato. E o sujeito vai trabalhar num campo de extração de petróleo. A pobrezinha vai ver gelo por muitos e muitos anos. O Alasca  definitivamente não combina com o jeito tropical daquela morena.
— Ela era bonita?
— Você não a viu? Porra, esqueci, suas pupilas estavam dilatadas.
— O senhor tem uma foto dela?
— Infelizmente não, meu caro. Mas te asseguro que ela era bonita. Peitões e bunda de respeito, mas acho que era fiel até as entranhas. Se não amasse o marido, iria se meter lá nos cafundós do Alasca?
— Nunca se sabe, Dr. Hermes - suspirou pesaroso Fred, já saudoso da sua amante desconhecida.

2 comentários:

  1. acho que já tinha lido este ótimo conto no bde das antigas, né não?

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  2. Hahahahahaha'
    Eu vivo as voltas com a minha retina, com a maldita luzinha e a tensão total do médico examinando, mas nunca, nunca dei sorte de encontrar uma Lígia!

    Muito bom o blog, parabéns.

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